Nietzsche está entre os autores cuja vida e obra aparecem de forma tão estreita e intimamente articulada, que se torna impossível ler uma sem a outra. Ao contrário, a compreensão de sua filosofia exige a compreensão das circunstâncias próprias de sua biografia, seja no que diz respeito às diferentes situações de saúde ou doença, às amizades e inimizades, aos amores e frustrações, às vivências corporais ou às situações teóricas e morais nas quais ele se envolve.
Tudo isso, contudo, não teria sentido se não fosse situado geograficamente: Nietzsche é um filósofo andarilho, errando entre montanhas, lagos, escarpas, praças de mercado ou ruas de cidades que ele visitara. A paisagem, não por acaso, exerce função estilística, metafórica e teórica central em seu pensamento, de forma que é possível afirmar que todas as suas ideias têm sede. Além disso, viajar é uma atividade que, pensada filosoficamente, estrutura o seu pensamento e se apresenta como exercício antimetafísico por excelência.
Perseguir essas intuições em vista de uma
compreensão da influência dos lugares na formulação de algumas das ideias
centrais da filosofia de Nietzsche é o objetivo do presente colóquio.